Libéria: O Sonho Americano na África #47

Geopizza - A podcast by Globoplay

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Em 1816 os Estados Unidos fundou uma colônia na África, a Libéria, para deportar sua população afro-americana. A "realocação" dos alforriados foi proposta ainda no século 18, por figuras como Thomas Jefferson, um dos fundadores do país. Nos EUA, ideias abolicionistas espalhavam-se, mas poucos eram a favor da unidade entre as raças. Abolicionistas ou escravagistas concordavam que, os Estados Unidos, um país construído sob a escravidão africana, não seria o lar de um afro-americano liberto. Brancos, temerosos com rebeliões escravocratas, incentivavam a deportação de afro-americanos, "devolvendo-os" para a África, mesmo que fossem americanos. Em 1858, Abraham Lincoln falou em Illnois que: “Eu nunca fui a favor de alguma igualdade social das raças branca e negra." "Não sou a favor de ter eleitores negros, de qualificá-los para ocupar cargos, ou de de casar com pessoas brancas.” Lincoln defendia a criação de uma "reserva" para abrigar pretos libertos no Panamá, Linconia. A iniciativa foi rejeitada por governos da América Central. No século 19, a Inglaterra já estava deportando sua população preta: Afro-canadenses eram enviados de Ontário para Serra Leoa, uma colônia britânica, pois lá não viveriam com o homem branco. Com o apoio financeiro do presidente James Monroe e do sobrinho de George Washington, Bushrod Washington, foi acordado que seria fundado uma colônia para pretos libertos ao lado de Serra Leoa. A empresa American Colonization Society foi fundada, comprando uma grande faixa de terra de Serra Leoa que a apelidou de Libéria -  "terra da liberdade". Sua capital seria Monróvia, em tributo ao presidente James Monroe. Os primeiros colonos afro-americanos deportados para Libéria enfrentariam diversas dificuldades, como malária e conflito com os nativos. Quase 45% de todos afro-americanos que chegavam na Libéria morriam de malária. Foi a colonização mais mortal do século 19. A escravidão era ilegal na colônia, porém muitos indígenas da Libéria foram submetidos a um sistema análogo à escravidão por uma rica elite mercantil. Para não pagar mais impostos para sua empresa fundadora, a Libéria votou a favor da sua independência em 1847. Embora a população preta fosse quase hegemônica no país, uma minoria parda controlava os recursos financeiros e naturais do recém-criado país.